Ele tinha cabeça raspada, igual a minha. Uns óculos que não eram fundos de garrafas. Disseram a ele que era pra enxergar melhor, mas era na verdade para enfeitar mais ainda a alma dele. Tinha uma voz tranqüila e um carinho maior que a Bahia de todos os santos. Um gosto musical bem aguçado. Tipo, ele gostava da Vanessa, da Bethânia e provavelmente do Chico. Palavras de incentivo a mim nunca faltou. Isso ele fazia sempre que eu lhe falava dos meus textos e das poesias dos grandes poetas. Amante da arte, ele faz teatro. Se pudesse, ele estaria em todos os cantos do mundo, sendo que a sua raiz estaria bem afixada na cidade de Salvador. Agora, você veja bem, tive que sair da minha cidade de origem pra conhecer o louco mais sóbrio da cidade onde eu residia naquele momento. Hoje ele usa o cabelo Black, faz faculdade de teatro e o coração? Permanece do mesmo jeito, lógico que com uma evolução desmedia. Até hoje ainda lembro o nome dele e de quando em quando troco um dedo de prosa com o meu amigo Erick Rocha.
[Allê Santos]
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